Uma fábula chamada Brasil.



Você não ama o Brasil? Eu sim. Esse país, com todas essas praias, paisagens de matas virgens e tão densas que parecem um mar de plantas cujo fim os olhos não alcançam. Mas as belezas naturais são o de menos nessa história toda. O que me faz amar esse país é a veia lúdica e a camaradagem. Vivemos como crianças num conto de fadas, no qual o fantasioso é a justiça, e a infantilidade está na imaturidade do caráter que faz de nossos governantes camaradas de bandidos.

Edmar Moreira, o deputado do castelo, foi absolvido em seu processo. Além de um castelo não declarado, ele era acusado, no conselho de ética da câmara, de ter apresentado notas de um serviço de segurança prestado por sua própria empresa. As irregularidades começam na prestação do serviço em si e passam pelo fato de que a lei não permite que reembolsos sejam pagos em dinheiro, só por depósitos bancários. Mas, é claro, que nada aconteceu, seu nome não ficou tempo suficiente na mídia para que os deputados temessem a opinião pública – que está mais para opinião particular da imprensa, que define o assunto que será a causa de nossas revoltas semanais.

Mas eu entendo que absolver o deputado do castelo é uma questão de manutenção do espírito camarada e lúdico do brasileiro. Esse somos nós, um povo que vive a fábula da justiça, que não pode se torna realidade, ou destruiremos o castelo de nossa camaradagem. Justiça, em nosso Brasil, significa mandar para a cadeia, ou caçar o mandato do amigo. No castelo de nosso conto de fadas chamado Justiça na Terra do Nunca, o caráter é encarado como um dragão a ser derrotado pelo príncipe chamado corporativismo. As palavras mágicas desse mundo nada encantado são: uma mão lava a outra.

O que ninguém deixa claro é que o povo brasileiro é um simples figurante nesse conto de fadas. Estamos aqui só para criar esse mundo de faz de conta – faz de conta que há justiça; faz de conta que investigamos algo; faz de conta que nos importamos com a opinião pública –, servindo de cenário, além de patrocinadores. Somos aquela parte da história que não é incluída, ou mesmo mencionada no “viveram felizes para sempre”. Não temos castelo, armadura reluzente, aliados para lutar contra os dragões; só temos uma princesa encantada a ser resgatada, chamada ética, e apelidada de otária.

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