Porta dos fundos e a revelação do gigante


Porta dos Fundos é daqueles grupos que cristãos já deveriam ter parado de dar audiência há muito tempo. Contudo, recebo, com certa frequência, vídeos compartilhados por cristãos com algum episódio dessa gente. Isso é sério, pois demonstra que o riso para nós é mais importante que nossa fé achincalhada.

O desejo contínuo de desconstruir o cristianismo é parte integrante do pensamento marxista, defendido pela trupe. Dê uma boa olhada no Manifesto Comunista. Ali, ficam claras as perseguições ao cristianismo, Jesus e família. Cristianismo é a religião do opressor que visa deixar o pobre em seu devido lugar. Jesus é o símbolo de sofrimento a ser seguido pelo oprimido. A família nada mais é que a concentração e a perpetuação da concentração de capital.
Portanto, não é de se espantar que o Porta dos Fundos gaste tanto tempo, dinheiro e energia atacando essas coisas. O último filme nada mais é que a demonstração de que nós, cristãos, ainda somos uma barreira para o estabelecimento de uma sociedade progressista, hipócrita e vitimizada. Ainda somos os responsáveis por conservar valores e ideais que não sejam puramente materialistas e que ainda responsabilizam indivíduos por suas ações.
A sociedade progressista pretendida é a sociedade dos oprimidos. A voz e a vez são dadas ao oprimido, mas são tantos oprimidos que se tornaram maioria, por isso, dividi-los em grupos ajuda a criar o palco. Cada hora é a vez de um. Falam deles separadamente e vamos colocando cada um no seu lugar. De repente, dependendo do grupo analisado, o oprimido se tornou opressor do outro. O homem negro, vitimizado pelo racismo, torna-se o machista, que bate na esposa. O gay, vítima da homofobia, é o opressor do pobre que lhe pede dinheiro, ou de seus funcionários que são maltratados. O pobre assaltou a mulher negra; o índio matou o bebê, pois não era menino e, assim, vamos percebendo que a opressão é um problema humano e não de classes.
A hipocrisia de tudo isso é latente. Fala-se em dívida social, justiça social, pois é uma forma de diluir responsabilidades e tirar o foco da realidade: o problema é o ser humano, não a classe. Porém, é preciso sustentar o discurso, validar a narrativa, então, partamos ao ataque. Daí, a máxima do “acuse-os do que você faz, chame-os do que você é”. A piada com o gay e com a mulher não tem mais lugar: - “Fascistas, machistas, homofóbicos não passarão!” Mas piada, escárnio, desrespeito com o cristão e seus objetos (concretos e abstratos) de fé pode. Por detrás disso, está o fato de que o cristão é a barreira que impede que o coletivismo sobreponha-se ao pensamento que considera as duas coisas: indivíduo e sociedade. Cristianismo é daquelas formas de pensamento que parte do indivíduo para a sociedade, da parte, para o todo, entendendo cada parte e seu papel no todo. Isso, desfaz a vítima, esfacela a narrativa e responsabiliza a quem quer que doa.
A vitimização é o combustível do movimento progressista. É a vitimização que justifica todas as suas ações. É tudo em nome da vítima. É tudo em nome do oprimido, ainda que o oprimido não tenha se emancipado em mais de uma década de políticas públicas progressistas. Os negros continuam sendo vítimas da violência – o problema é a polícia. A mulher continua apanhando em casa – o problema é a cultura do estupro. O gay continua morrendo – mas não vamos contar que a maioria é por crimes passionais. A abortista morre em abortos clandestinos – o problema é de saúde pública e família cristã fundamentalista. Ignorar o fato é corriqueiro. Se uma Ágata morre com um estilhaço de um tiro de fuzil da polícia, é a prova cabal que o estado é policialesco e isso tem que acabar, mesmo que isso signifique ignorar que os índices de assassinato caíram, ou seja, usa-se a tragédia como palanque político, mesmo que a consequência seja ainda mais Ágatas. Precisam de uma vítima a todo custo, não importa, ainda que tenhamos de fabricar, ignorando o coletivo e usando o individual quando bem se entende.
Assim, diante dessas aberrações lógicas e dessas narrativas fabulosas, vejo algo bom no Porta dos Fundos. Seus ataques mostram que somos um entrave. Seus ataques mostram que ainda somos uma forma de pensamento sólida e eficaz contra uma forma de pensamento que desconstrói o ser humano e os desmonta até os frangalhos de uma vítima que precisa deles. Precisa da ONG, precisa do governo, precisa da cultura para cartasse e precisa de políticas públicas, ainda que se ignore que em 13 anos de tudo isso nada mudou, ou melhor, só fez piorar.
Porta dos Fundos revela que dois mil anos de história e pensamento nos fazem um gigante. Ainda estamos um pouco dormentes, mas já bocejamos e colocamos as pantufas; já estamos recuperando nosso papel social e cultural. O ataque demonstra o medo e é bom mesmo ter medo, pois cristão tem narrativa de séculos, é a maior vítima há séculos e não se vitimiza, parte para o ataque e revela que as portas o inferno não prevalecerão sobre a igreja.

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