Criados para responsabildade


Bom, estamos “nóis” ai de novo. A vida tá corrida e as responsabilidades só crescem. Estou para mudar para meu novo apartamento e a ansiedade está grande. Mas vamos para nosso ponto, que é o de vermos a consistência do fato de Deus ser o criador de tudo que existe, seja em termos físicos, conceituais, circunstanciais e espirituais, com a responsabilidade humana.

Esse ponto logo emerge quando buscamos estabelecer uma epistemologia pautada numa realidade criada. A pergunta é óbvia: “se tudo é criado por Deus, então, onde está nossa responsabilidade?” O problema nesses casos está justamente em vermos o conceito de responsabilidade do Criador, ao invés do nosso. Para nós, responsabilidade está ligada à possibilidade de se fazer diferente daquilo que escolhemos; de outra forma, responsabiliza-se a pessoa que tinha duas possibilidades diante de si e a liberdade de autonomia de poder escolher entre essas duas opções. Contudo, essa visão carece de uma avaliação cuidadosa.

Vamos pensar em como nossas escolhas são feitas (recomendo a leitura do texto de Matt Pearman, A Consistência da Soberania Divina e a Responsabilidade Humana). Quando nos deparamos com as opções, elas não vem avulsas, soltas pelo ar. De fato, elas vem cercas pelas circunstâncias. As circunstâncias são compostas por fatores ambientais, climáticos, emocionais, psicológicos, pessoais, econômicos e tantos outros fatores que se possa imaginar. Cada uma dessas coisas referem-se a áreas próprias, sendo que, algumas, compartilham de maior proximidade que outras. Contudo, há algo comum a todas elas: são todas criadas. Sim! Cada um dos fatores circunstanciais à nossa volta são criados, ou seja, contingentes. A não ser a própria atuação de Deus em sustentar todas as coisas, que é incontingente, todas as coisas à nossa volta foram estabelecidas e não estão ali por conta própria, mas pela direta atuação do Senhor em criá-las.

É importante termos tudo isso em mente, pois, quando pensamos no modo como fazemos nossas escolhas, veremos que liberdade não está diretamente ligada à responsabilidade. Pense comigo, nossas escolhas são sempre determinadas por algum dos fatores circunstanciais. Jamais escolhemos livre de contingências altamente influentes (isso porque nós também somos contingentes). Tudo que fazemos tem por base o gosto, o clima, a ideologia, um plano e etc. O que deve ficar claro é que, seja nossa capacidade de avaliar o mundo à nossa volta e fazer uma escolha (ou seja, perceber o que mais nos influencia), seja o mundo em si (em todos os seus aspectos, sem exceção), tudo foi CRIADO. Isso significa que suas capacidades serem compatíveis com a realidade à sua volta, de modo que você possa reagir e interagir com ela não é uma coincidência, mas um propósito.

De fato, nossas ações cumprem o propósito para o qual Deus as criou. Como poderíamos falar num Deus soberano, que tem planos para o futuro, que conhece o futuro, que promete que algo íntimo ocorrerá em pessoas, dentre tantas outras coisas, se não reconhecermos que até mesmo nossa vontade foi criada para servir aos propósitos do Criador? Desta feita, pensar em termos de liberdade de qualquer tipo de influência é pensar que a criatura é autônoma em meio à realidade criada, quase que como um ser com realidade própria dentro de outra.

Na categoria de existência de criaturas, nossa liberdade tem mais a ver com o que somos, do que com possibilidades. Pense por um instante numa pessoa que você conheça bem e a imagine numa situação de escolha. Pelo fato de você saber quem ela é já lhe é possível prever qual será a escolha dela. Isso, em princípio, parece óbvio para questões mais superficiais, como qual prato de comida a pessoa escolherá, mas, à medida que conhecemos mais profundamente a pessoa, somos capazes – é claro que com limites – de prever escolhas cada vez mais complexas dessa pessoa. Contudo, o que vai ficando claro à medida que a coisa se torna mais complexa é que não só precisamos conhecer bem a pessoas, mas também a circunstância na qual ela fará a escolha. Isso é para ilustrar que nossa capacidade de decisão é altamente afetada por questões internas e externas, de modo que, quanto mais nos aprofundamos, melhor sabemos que não tínhamos outro caminho a seguir, a não ser aquele que tomamos.

Isso se torna óbvio quando pensamos que aquilo que somos torna certa determinadas respostas diante de determinados casos. Isso significa dizer que se todos os aspectos da circunstância, sejam internos ou externos, forem iguais, a resposta será sempre a mesma. Quero com isso mostrar que a responsabilidade não pode estar ligada à liberdade, caso contrário não haveria como responsabilizar ninguém. A meu ver, portanto, numa realidade criada, a responsabilidade está ligada ao ato divino de atribuir às criaturas por Ele criadas, a culpa, ou responsabilidade, por terem agido segundo suas vontades (criadas e determinadas).

O que nos falta, portanto, é entender mais profundamente o que é, no ponto de vista de Deus, responsabilidade. Qual o conceito divino de responsabilidade. Enquanto para o homem são os encargos de se ter escolhido uma opção, podendo ter escolhido a outra, eu diria, pretenciosamente, que, para Deus, responsabilidade são os encargos de uma criatura ser o que é dentro de uma realidade criada para responder conforme os propósitos dados pelo Criador. Isso significa que a responsabilidade tem a ver com o ser e não com a circunstância somente. Meu pecado é minha culpa não porque eu poderia ter feito outra coisa, mas porque eu agi exatamente segundo aquilo que sou e para o que fui criado para ser.

O que deve estar em nossas mentes é que o Senhor é quem estabelece a realidade. O conceito de justiça, bondade, pecado, moral, responsabilidade, culpa e tudo o mais é por ele estabelecido, com leis dentro de sua criação, para que tudo caminhe segundo o seu propósito, e não segundo nossos achômetros ou conforto. Sei que isso pode parecer muito duro e injusto para muitos, mas busque puxar tudo do início, lembrando sempre que somos criados e não somos autônomos, sequer de outras criaturas.

Soli Deo Gloria

Comentários

  1. Olá graça e paz . Estou dando uma passadinha e gostei do que vi por aqui, benção pura. Que aquele que é poderoso para fazer muito além do que pedimos ou pensamos, opere em ti sempre o seu querer e o seu efetuar, paz e uma semana de muitas conquistas em Deus.Se quiser nos visitar será uma alegria, ok?
    blogdamulhercrist.blogspot.com
    OBS: gostei e estou seguindo.

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  2. embora Deus estabeleça as regras da vida, ele deixe que quem o desejar, possa quebra-las, não sem antes mostrar as conseguências. Veja os usuários de drogas, todos os dias eles vem as histórias escabrosas devido o uso de drogas, mais eles deixam de usar? Não, e não é fato que quebrarão a cara! Com Deus o livre arbítrio age da mesma forma.

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  3. Caro irmão Julio,

    temo que seu exemplo não corrobora para sua defesa do L.A. No caso de usuários de drogas há a dependência química, contra a qual a simples escolha não é suficiente. Na verdade, você conseguiu demonstrar que nossa liberdade jamais poderá ser livre, tendo em vista as diversas coisas que a influencia, assim como a dependência química.

    Quanto às regras que Deus criou, repare o seguinte. Ele não só estabeleceu positivamente o que deve ser feito, mas também estabeleceu negativamente, ou as consequências para quem não segue positivamente. Deste modo, ninguém consegue desobedecer a Deus, pois ou obedecerá sua lei positivamente, ou sofrerá suas penalidade, impreterivelmente. Agora, nossa escolha em obedecer ou desobedecer é que não é livre.

    Algo tem de nos influenciar para um lado ou outro, caso contrário, não iremos para nenhum. Ou algo em nossa natureza nos diz o que preferimos, ou simplesmente seremos como o burro da história, que morreu entre dois baldes de feno porque tinha livre arbítrio e nada o influenciou em ir ao balde da esquerda ou da direita. O que creio é que essas influências e o modo como tais influências afetam o ser humano foi estabelecido, ou criado por Deus. Potanto, não creio em livre arbítrio, creio no homem que foi criado para ser e fazer exatamente o que é diante das circunstâncias, também criadas por Deus. Isso não é simplesmente tornar o homem um robô, mas torná-lo parte da criação, o que, intrinsecamente significar ser e fazer aquilo que o Criador deseja e o criou para fazer.

    Grande abraço.

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  4. Irmã Ana Cláudia,

    fico muito feliz que tenha gostado de meu blog. Deus a abençôe muito. Pode deixar que darei uma bela olhada em seu blog também.

    Grande abraço,

    Em Cristo.

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