Reformado confessional é bíblico

Dia desses, um pastor presbiteriano colocava que há reformados que defendem confessionalidade, mas que precisam retornar às Escrituras; precisam da reforma das Escrituras. Têm confessionalidade, mas não tem vida com Deus. Esse tipo de discurso ignora que nada em nós é original. Não vivemos em um mundo só nosso, numa igreja só nossa, numa espiritualidade só nossa. Vivemos a partir do olhar dos que vieram antes. Vivemos sustentados pelo que foi construído por outros. 

Por isso, esse olhar que dissocia Reforma e Escritura, confessionalidade e espiritualidade é o olhar de quem não compreendeu que uma coisa trata da outra. Reforma é retorno às Escrituras. Confessionalidade é expressão de espiritualidade. A dissociação ou é fruto do desconhecimento, ou de alguma outra intenção. 

A Reforma Protestante tem seu fundamento no ensino escriturístico. Ser reformado é buscar viver conforme as Escrituras e a partir dela viver e julgar toda tradição e confessionalidade. O que impactou Lutero diante de sua crise com Deus foi a Escritura, não a confessionalidade. Esta partiu da primeira. De igual modo, o que tanto guiou a prática e a pregação de Calvino, de quem somos herdeiros, foi a Escritura. Ensino e prática fundamentados na revelação de Deus a nós. 

Daí, a confessionalidade se formou. A confessionalidade é a forma, o modo como você entende a Escritura. Por isso, falar em confessionalidade que não se submete à Escritura é falar de uma confessionalidade não Reformada. Alguém que diz que devemos retornar à simplicidade da Bíblia deve continuar e dizer em que termos isso deve acontecer. Ter uma vida que se adeque à Escritura é uma questão sem discussão, porém, de que modo isso acontece? Qual o parâmetro que nos ajuda a entender se é bíblico, ou não? 

Assim, a confessionalidade faz seu papel. Um confessional de subscrição sem ação não é um confessional, mas um intelectual. A subscrição da CFW, por exemplo, significa que você concorda com ela, ou seja, você entende as coisas como ela explica e faz as coisas como ela indica. – “Então é a CFW e não a Bíblia!” – alguém poderia argumentar. E é por isso que a conversa se torna cíclica, isso é, pela insistência das pessoas em pensarem que podem ser originais e irem para a Bíblia sem lentes, sem pressupostos, sem algo que os faça entender desta, ou daquela maneira. 

Nem a simples subscrição de documentos, tão pouco a iludida ideia de que o retorno às Escrituras é uma experiência individual e personalizada são atitudes de um servo verdadeiramente bíblico. A Bíblia é a regra, o conteúdo do que cremos, a confessionalidade é o como cremos. Dissociar é destacar-se da Igreja do Senhor, andar sozinho e recusar o que o Senhor tanto fez por meio de sua igreja ao longo dos séculos. E se assim o fizéssemos, andaríamos como? Segundo a pregação do pastor que dissocia as coisas? 


Como já foi dito em outro lugar: “A Igreja não começou hoje.” – nem em 31 de outubro de 1517.

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