Mundo hostil
O Senhor havia prometido ao homem que
sua vida, a partir do pecado, seria penosa. O ambiente acolhedor e provedor, na
verdade, era fruto da bondade provedora divina. Ele não habitava o Éden, de
fato, mas em Deus. Seu refúgio existencial era o Criador, e a expressão dessa
habitação era o Éden: cheio da providência, bondade e abundância. O homem,
contudo, decidiu sair deste abrigo e passaria a habitar um ambiente hostil,
cheio de dores, dúvidas e, o pior, distante do Criador.
O homem está desabrigado. Jogado ao
relento da vida, vê sua relação com Deus ser intermediada por ofertas (Gn 4.3-7)
e o pecado se multiplicar. É a promessa divina se cumprindo (Gn 2.17) e o homem,
experimentando os efeitos da morte espiritual, vê a hostilidade do ambiente, o
trabalho numa terra caída, afetada de modo que representa a forma da relação da
criatura com seu Criador.
O homem passa a habitar[1] em
ídolos, refugiar-se longe de seu Senhor. Passa a ver deuses no ambiente e a
amar os produtos desse ambiente, depositando sua esperança em ídolos feitos por
mãos humanas, crendo em uma visão de mundo fundamentada nesses ídolos inúteis,
envolvendo-se em tão profundo afeto com esses ídolos, que o homem caído
torna-se como eles. (Salmo 115).
O homem precisa, desesperadamente,
“re-habitar” em Deus. Criado à imagem de Deus, é sendo como é seu Criador que
homem encontra seu lugar. O verdadeiro Deus não habita onde o homem o coloca,
mas, de fato, é o homem que nele existe e se move (At 17.24-28). O evangelho é
a notícia de que há um caminho para o homem retornar ao lar. O Filho de Deus
encarnou, viveu e morreu em um ambiente caído, porém, viveu conforme a lei do
Criador, esperançou na vontade de Deus e amou ao Pai sobre todas as coisas.
Cristo no ensina a habitar em Deus.
Paulo escreveu que o propósito de Deus para os eleitos é que estes sejam feitos
à imagem do Filho, de modo que este seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm
8.29). Isso significa que, o homem deve aprender de Cristo o que é viver e ser,
aprendendo que esse mundo não oferece um habitat adequado, pois ele mesmo geme
e suporta angústias, enquanto a obra de redenção não é terminada (Rm 8.18-22).
Em Cristo o homem é reconduzido a Deus e neste o homem vê seu habitat redimido
e refletindo novamente a provisão e abundância do Criador.
[1]
Para maior aprofundamento sobre o assunto da habitação, ver GOMES, Wadislau
Martins, Aconselhamento bíblico redentivo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.
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