Família
é como qualquer ciclo de convívio. Temos pessoas de todos os tipos, com seus
defeitos e qualidades. A diferença está em seu papel, logo, em seu significado
para cada um de nós. Famílias que se dão bem fazem grande diferença na vida das
pessoas e garantem um adulto sadio e bem resolvido. Por outro lado, uma família
desestruturada gera adultos inseguros, por vezes violentos e arredios ao
convívio social. A profundidade dos problemas mostra a importância da família.
Interessantemente,
nesses anos de pastorado, tenho observado que as pessoas têm poucos problemas de
família. Você pode pensar que estou errado e tenho prestado pouca atenção
àqueles que adentram o gabinete pastoral, mas pensemos um pouco. O que de fato
atrapalha não é a família, mas os pecados individuais. É o marido iracundo que
não tem a menor paciência com os filhos. A esposa super-protetora que reage com
mais violência verbal, esquecendo-se de ajudar o marido em seus pecados. Filhos
sem bons exemplos que preferem evitar o convívio com os pais e dão mais ouvidos
aos de fora, pois já não confiam nos pais.
O
quadro é comum e o comum no quadro é que todos têm pecados pessoais, portanto,
o problema não é familiar, porém, pessoal. Por mais óbvio que possa parecer,
devemos nos lembrar que, quando insistimos numa forma de nomear a coisa, ela se
torna verdade e esquecemos o fato, a realidade. Chamar de problema familiar é
tornar a coisa impessoal e coletivizar as responsabilidades. Os problemas são
internos, manifestos nas relações; são pecados que geram reações pecaminosas;
questões internas que fazem eclodir o interior do outro. Sou “eu”, não “nós”;
também pode ser “ele(a)” e não “a gente” a fonte do problemas, mas como tudo se
manifesta no ambiente familiar, os efeitos e preocupações são coletivizados.
Entender
isso é dar um passo em direção ao problema e sua solução. Ver tudo como
familiar é deixar de lado os cuidados que devemos ter com nossos próprios
pecados. Reconhecer a questão pessoal, assim como acontece com o pecado, gera efeitos
coletivos – gera benção e redenção no seio familiar. Por isso, o desafio
familiar se torna grande, pois temos de nos encarar, olhar para o espelho.
Temos de ter cuidado para não nos dedicarmos à justificativas e inversões,
tentando nos livrar da culpa e lançar sobre o outro. Uma vida de constante
devoção pessoal à leitura da Palavra de Deus e aos demais meios de graça é
fundamental para chegarmos ao autoconhecimento e à realidade de que algo
precisa mudar em nós mesmos. De igual modo, ao agirmos assim, também estaremos
mais preparados para lidar com o pecado do outro e a termos uma reação correta,
que, de fato, ajude.
Os
problemas podem começar na individualidade de um coração caído, mas podemos ser
instrumentos nas mãos de Deus, a fim de tornar as bênçãos em coisa de família.
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