Uma necessidade de todo pastor
Ontem, tivemos um encontro muito prazeroso no Seminário
Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição – onde fiz meu
bacharelado. Foi muito bom rever amigos e conhecer alguns alunos anteriores ao
meu tempo e também foi muito agradável ouvir o irmão Rev. Antônio Coine.
Ouvimos da experiência pastoral deste irmão com mais de 42
anos de ministério. Muito se aprendeu e posso dizer que pessoalmente muito me
motivei com as palavras deste irmão. Algo, porém, calou mais fundo em meu
coração.
Quando falávamos sobre a vida devocional dos pastores,
ouvindo atentamente ao irmão Coine, compreendi que, na solidão pastoral, a vida
devocional do pastor é o momento em que ele pastoreia seu próprio coração,
abrindo-se na presença de Deus. E nesses 10 anos de ministério, posso dizer que
essa é uma das lições mais preciosas que aprendi ao longo da caminhada
pastoral.
Um pastor que não se debruça sobre a Bíblia sem aquele ar
profissional de se tirar dali um sermão, desaprende a admirar a Palavra de
Deus. Penso que os sermões “xoxos”, de pouca piedade e sem nenhuma carga da
emoção do pregador é fruto disto. A falta de uma vida devocional não é, necessariamente, a morte
de um ministério pastoral, mas, certamente, é o esfriamento do púlpito.
O pastor deve chegar ao púlpito sabendo que está comunicando
a verdade mais profunda e necessária ao homem. O púlpito é a panela da fé da
igreja. É ali que ela é esquentada e motivada a produzir seus frutos. É diante
das promessas de Deus, da narração de sua ação sobre nossas vidas e das
doutrinas que explicam nossa existência e relação com Deus, com o próximo e com
as coisas que receberemos todo o incentivo, para evangelizar, levar uma vida
santa e a esperar ansiosamente o desfecho da história de redenção: a volta de
Cristo.
Uma vez ouvi de uma ovelha seu entendimento do ministério
pastoral: “O pastor não está ai para nos carregar nos dias ruins, mas para nos
preparar a enfrentá-los segundo a verdade bíblica.” Isso me deixou extremamente
feliz. É muito bom ver que o ensino chega a algum lugar. É motivador ver, ainda
que uma só ovelha, compreendendo melhor a vida, segundo o ensino bíblico.
Contudo, duvido muito que esta compreensão seria possível,
se tal irmã não fosse pastoreada por pessoas ávidas pela Palavra e que vivessem
uma única ansiedade: de ver toda a glória prometida por Deus o quanto antes.
Posso dizer que o que mais me motiva; o que mais me faz
levantar toda manhã; o que mais me alegra e pelo que mais anseio é pela volta
de Cristo. Esse anseio não vem do ministério; esse desejo não nasceu de meu
pastoreio sobre as ovelhas, mas do pastoreio de Deus sobre minha vida, por meio
de sua Palavra. É a Escritura que me ensina sobre isso, ainda que vejamos
pregadores tidos como crentes, negando a realidade da volta de nosso Redentor,
relegando tudo ao “medievalismo”.
Lembro-me das palavras de Paulo a Timóteo:
Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra,
no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino. Não
te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi concedido
mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas
e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja manifesto. Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo
assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes. (1Tm 4.12-16)
O apóstolo ensinou a seu pupilo a importância da dedicação
devocional, na leitura e na meditação, para que sua prática fosse a correta. Muitos
pastores estão querendo pastorar, mas só lendo as Escrituras numa perspectiva
externa, ou seja, lendo só para aplicá-la aos outros. É na leitura devocional
que aplicamos as Escrituras a nós mesmo. Sem isso, nos dissociamos do ensino e
começamos a nos dar certos “direitos”, que mais nos fazem parecer profissionais
e mercandejadores da Palavra, que pastores.
Muitos são os pastores que pensam ter sucesso. Muitos são
pastores que pensam ser mal sucedidos. Via de regra, a semelhança entre esses
dois casos é que em ambos o apreço pela Bíblia, pela oração já se tornou algo
do passado. Por isso, me apego ao ensino do salmista:
Bem-aventurado
o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos
pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, o seu prazer está
na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Ele é como árvore
plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e
cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido. Os ímpios
não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa. Por isso, os
perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos
justos. Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios
perecerá. (Salmo 1)
Amém
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